terça-feira, 6 de outubro de 2009

Cenografia, Rigor e Poética, por Joan Ruesga

No texto de Joan Ruesga (arquiteto e cenógrafo), é citado que a cenografia é compreendida como espaço cênico, segundo o filósofo grego Adolphe Appia. A cenografia é puramente um “conceito de espaço e luz”.

É também suscitado o conceito de cenografia ao longo dos tempos. É citado que o cenário teatral foi importante aos rumos da cenografia quando começou a pensar em transformar o simples espaço em um importante local de espetáculo. Se antes, os outros componentes que não fossem adorno e tela de fundo não passavam de segundo plano nas representações teatrais, a cenografia, com o passar das épocas, tratou de abarcar todos os elementos e a se conceituar verdadeiramente cenografia, pois antes ainda assim era tida como sinônimo de cenário. “A cenografia é considerada uma autêntica dramaturgia do espaço, concebida como uma mídia ativa, e não um suporte ativo da ação. Integra o som e a luz e coloca em estreita relação as artes da cena com as artes do espaço-tempo servindo às finalidades de uma representação ou de uma apresentação.”

Com a evolução do pensamento acerca do que é cenografia, começa-se a pensar, primeiramente nos elementos. “Os elementos cênicos começam a se tornar tridimensionais, e colocam dificuldades para as alterações e transformações da cena, que devem ser realizadas com rapidez e limpeza.”

“O espaço cênico se amplia até englobar as relações espectador-espetáculo, até transformar-se na entidade espacial na qual é disposto o local da ação cênica e as determinadas relações com os espectadores que a contemplam. O bastidor fica em segundo plano e a cenografia torna-se corpórea.“ Com o passar do tempo, percebe-se cada vez mais importante conceituar cenografia contemplando as atividades corpóreas dos artistas em cena. Cenografia já engloba todos os elementos que a constitui contemporaneamente. Giorgio Strehler afirma que “o espaço cênico é antes de qualquer coisa o espaço no qual se movem os atores e constitui a essência visual do espetáculo teatral”. Edward Gordon Craig completa intuindo a necessidade de movimento na composição de cenografia.

Josef Svoboda escreve que entre o cenário, a platéia e os refletores, existe um linha divisória, que está sempre presente de maneira visível ou invisível, assim constituindo a essência do teatro. “A cenografia perfeita é aquela que se dilui no espetáculo, a tal ponto que o diretor e os atores a sentem como necessária, como o único espaço adequado para expressar o significado da obra.”

André Salustino

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