Appia acreditava que a sombra era tão necessária quanto a luz para formar uma ligação entre o ator e o ajuste do desempenho em tempo e espaço. Ele viveu e trabalhou numa era em que a iluminação elétrica só estava evoluindo e esse fato certamente influenciou as suas obras. Através do uso de controle de intensidade de luz, cor e manipulação, Adolphe Appia criou uma nova perspectiva de design de cena e iluminação cênica.
A grande contribuição de Appia para o teatro, então, foi o seu empenho em substituir a imitação – o cenário realista – pela sugestão – a simbologia, buscando a unificação do espetáculo (ordenando, entrosando e articulando os elementos). Entretanto essa simbologia só pode ser atingida, se for definido e designado o elemento-base da estrutura da encenação: o ator. Só assim, é possível fazer da encenação uma autêntica obra de arte.
Appia entendia a luz, o espaço e o corpo humano como mercadoria maleável que devia ser integrada para que se pudesse criar uma verdadeira cenografia. Ele defendeu a sincronia de som, luz e movimento em suas produções, tentando integrar o corpo de atores com os ritmos e estados de espírito da música.
Em suma, Appia constatou que a cenografia deve ser entendida como um sistema de formas e de volumes reais, empunhando incessantemente ao corpo do ator a necessidade de achar soluções plásticas expressivas. Os obstáculos (sistema de planos inclinados, de escadas, de praticáveis, etc) obrigam o corpo a dominar as dificuldades deles resultantes e a transformar essas dificuldades em trampolins para a expressividade.
Também a luz deixa de ser apenas um instrumento funcional para assegurar a visibilidade do espaço cênico. A luz terá a função de esculpir e modular as formas e os volumes do dispositivo cênico, suscitando o aparecimento e o desaparecimento de sombras mais ou menos espessas ou difusas e de reflexos. Appia buscou multiplicar as possibilidades expressivas da luz, como instrumento essencial de animação do espaço cênico.
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