sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Peter brook - Por Nathalia Macedo



Peter Brook é um dos grandes pensadores do teatro do século XX. Filho de imigrantes russos, nasceu em Londres, em 1925. Formado em artes pela Universidade de Oxford. Brook aos 17 anos dirigiu seu primeiro espetáculo. Ao longo de sua carreira nota-se uma preferência em montar Shakespeare, começou em 1945, onde fez sua primeira montagem polêmica, de Romeu e Julieta. Em 1962, ele assume a direção do Royal Shakespeare Theatre com a montagem de Rei Lear. Nas décadas de 50 e 60, já era considerado como um dos grandes encenadores do século 20. Em 1970, Brook despediu-se do Royal Theatre com a famosa montagem circense de Sonho de Uma Noite de Verão e fundou em Paris o Centro Internacional de Pesquisa Teatral. Começou então uma pesquisa que levaria a Orghast, no qual tentava criar uma linguagem abstrata.

Peter Brook se destaca não só como um diretor e encenador, mas também como um dos mais respeitados teóricos dentro dessa área que é o teatro. Livros como "O Espaço Vazio" (publicado no final dos anos 60) ou "O Diabo e o Aborrecimento" (início dos anos 90) são considerados como obrigatórias para entender a proposta do seu teatro. Peter defende a criação de um espaço vazio para que a realidade brote e rejeite a verdade única no teatro, expondo que as peças se vão construindo de acordo com espaço cênico que habitam. A idéia de pureza também é uma das defesas que Peter expõe em seus livros.

Nos palcos além das obras de Shakespeare, Peter destacou-se co o seu espetáculo "Mahabharata", um peça que ainda nos dias de hoje é referida como um marco na sua carreira, que reuniu em palco pessoas de duas dezenas de nacionalidades.

Em relação à cenografia, Brook se destaca com o seu conceito do uso do espaço vazio, onde é suficiente para que a ação cênica ocorra. É nesse palco nu onde tudo é possível.

“Posso escolher qualquer espaço vazio e considerá-lo um palco nu. Um homem atravessa este espaço enquanto outro o observa” (Peter Brook, 1968, p. 1).

No início dos anos setenta, Peter Brook e seu grupo na África, resolvem sair das estruturas dos teatros. Nos primeiros três anos eles apresentavam nas ruas, hospitais, barracões... o único recurso que podiam contar era a luz do sol. Nessa nova experiência entre cenografia e iluminação, a experiência que mais se destacou não foi apenas a possibilidade de trabalhar com o imaginário, como o fato dos atores poderem olhar para o seu público, algo que não era possível com a estrutura de teatro com as quais o ator era acostumado a representar.

Para Peter o teatro acontece quando duas pessoas se encontram. O fato de uma pessoa observar outra já é um começo. Já para que esse processo se desenvolva é necessário uma terceira presença, a fim que essa terceira pessoa promova um confronto. Para o teatro ocorrer não precisa da estrutura física dos teatros, por isso que em seu livro A porta aberta, Brook fala da diferença entre a estrutura que conhecemos como “teatro” e o “Teatro” como arte, ele define como duas coisas que são muito diferentes. Os “teatros” para ele são como caixas que não equivale ao seu conteúdo, “assim como o envelope não é a carta” (Peter Brook, 2002, p. 78). O “Teatro” para ocorrer não precisa acontecer nos “teatros”.

A ausência do cenário é o que vai da margem a imaginação. Um espaço valoriza a atenção do espectador aos detalhes, ao corpo do ator. O teatro é a única arte onde não se precisa de recursos estéticos para se trazer o público a um espaço. O corpo, a fala ou um pequeno adereço usado da forma certa traz o espectador para onde se deseja.

Muitas vezes um cenário muito grandioso torna as ações medíocres. Peter Brook mostra que o espaço vazio possibilita a imaginação. Ele não quer que um cenário grandioso que mostre um espaço realmente como ele é e sim que as pessoas tenham em mente que aquele é o espaço desejado. Por exemplo: um espetáculo onde a história ocorra em um castelo, com o cenário completo, como uma real reprodução do castelo, o cenário vai torna-se um castelo de verdade para o espectador. Já um cenário onde não há essa grandiosidade vai-se evocar um castelo a mente das pessoas.

O uso desse palco nu permite o uso da São excelência do corpo todo em trabalho, do olhar e sentindo o que as palavras designam, são essas características que vão criar o cenário. Ao passo que as mesmas devem parecer naturais, apesar de ser uma representação, deve haver uma naturalidade no sentido em que o teatro é uma forma de representar a vida. O espaço vazio é também, vendo em outra perspectiva, um espaço aberto, onde o tempo e o proprio espaço são indeterminados, onde tudo pode acontecer.



Referências:

Livros:

A porta aberta

O teatro e seu espaço

Sites:

http://guiadosteatros.blogspot.com/2009/01/peter-brook-deixa-bouffes-du-nord.html

http://filosofiadaarte.no.sapo.pt/vazio.html

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